terça-feira, 6 de maio de 2014

Quando a Curva S se escreve com J

A Curva S é muito utilizada como ferramenta de controlo do Projeto, principalmente pela Fiscalização e pela Gestão de topo, já que permite uma visão global do Projeto sem necessidade de entrar nos detalhes. Para a curva existir o agendamento do plano deve estar carregado de recursos e/ou custos.

Existem entretanto ferramentas que são capazes de calcular a curva S da duração das atividades do projeto (Project Tracker).
 

Curva J – começa a deslizar o prazo…

A falta de recursos necessários, muitas vezes devido ao atraso de projetos ou projetos concorrentes, a escassez de recursos financeiros, as dificuldades de formação de equipa, as incertezas e indefinições frequentes na fase inicial dos projetos, começam a fazer deslizar o prazo… no entanto, o cliente e a gestão não alteram o prazo do projeto como um todo, e a data de conclusão, o deadline do projeto continua o mesmo, e a Curva S começa a tornar-se um J:

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Figura 1 - Curva S do Projeto

Entretanto, os problemas continuam, as datas vão sendo adiadas (exceto a data final do Projeto…), e a curva, que tinha aspeto de um S, vai se deformando e não pode mais ser chamada de Curva S…a julgar pelo aspeto, diríamos tratar-se de uma Curva J!!!

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Figura 2 - Curva J - O trabalho atrasa mas o prazo mantém-se

O que se faz quando a curva se torna um J? Não há teimosia que consiga resolver o problema. A realidade é que manter o prazo será necessário muitos mais recursos e estar disponível para um custo mais elevado. Mas mesmo isso tem os limites da capacidade de trabalho – o rendimento – possível no espaço e tempo.
 

Definição do prazo de execução

Grande parte das questões que se levantam quando esta situação ocorre têm diretamente a ver com a forma como o projeto foi encarado no início na fase de estimação da sua duração e custo.

No início do projeto, quando se encara a estimação da duração e se obtém o prazo de execução estimado devemos tentar garantir o mínimo de indefinições e incertezas (custo, âmbito, recursos, condições gerais, etc.). Estando o contrato assinado e no âmbito de reavaliação e reorçamentação há que fazer um esforço proactivo para melhorar as condições de incerteza. Estas são diretamente as causas principais de atraso.

Este esforço envolve todos e contribui para um plano mais realista. No entanto, a gestão de topo insiste muitas vezes em manter os pressupostos da proposta comercial e os prazos que lamentavelmente são muitas vezes incluídos no contrato.

Algumas observações sobre isto:

· A estimação assenta muitas vezes numa avaliação por analogia ao passado, assim devemos evitar querer agora conseguir fazer aquilo que não fomos capazes de realizar no passado. Como é que podemos pensar que nas novas condições vamos ter capacidades extraordinárias para cumprir o prazo?

· A compressão de prazos é muito difícil e não linear, ao contrário do que pensamos quando estamos a planear, o que a realidade nos diz é que os prazos tem tendência para não se conseguirem comprimir. Antes, a realidade afirma que eles se estendem!

· Se fosse possível fazer o projeto como menos custo e tempo, certamente já se teria encontrado essa solução.

Luís Quintino, com adaptação de post de Rodolfo Stonner.

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